sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mais dois beirais de faiança no Porto

Este fim de semana andei novamente pelas ruas do Porto a fotografar beirais de faiança: um que já sabia que existia, mas  num local onde nunca tinha ido; o outro numa rua onde já passei inúmeras vezes, mas que foi surpresa completa!
O primeiro foi o palacete da Quinta de S. Roque da Lameira na zona oriental do Porto, que conhecia através do Google Street View por indicação do amigo Fábio Carvalho, sempre muito interessado e muito atento a estas coisas.


Era a casa da Quinta da Lameira, uma das grandes quintas de Campanhã, que pertenceu à antiga família Cálem, um  nome sobejamente conhecido pela sua ligação ao comércio do vinho do Porto.
Nos anos 70 do século passado foi comprada, casa e quinta, pela Câmara Municipal do Porto. A quinta foi aberta ao público como Parque de S. Roque, enquanto a casa foi ocupada por um organismo municipal, mas está agora infelizmente vazia e a degradar-se.


O que me levou lá foi a curiosidade em ver e fotografar os beirais de faiança e esses continuam belos e intactos, ou quase, nos vários corpos da casa, embora num motivo já nosso velho conhecido. Mas também ali se encontram belos painéis de azulejos e esses sim já  têm muitas falhas a necessitarem urgentemente de ser preenchidas...

Não só no motivo floral, mas também no friso da borda a azul, estes telhões são iguais aos da Quinta de S. Tomé em Ovar, aos de uma casa da Ribeira do Porto e aos da Casa-Museu Teixeira Lopes em Gaia... e este facto faz-me acreditar que terão sido fabricados na Fábrica das Devesas, como já referi num post anterior.

Um cenário romântico no jardim das traseiras, para trás do qual se estende
o Parque de S. Roque
No regresso ao centro do Porto da visita à Rua de S. Roque da Lameira, ao passarmos junto ao Mercado Ferreira Borges, descobri num dos prédios contíguos ao Palácio da Bolsa mais um beiral azul e branco.


E em contraste com as pesadas cantarias de granito, é todo revestido a azulejos, também em azul e branco, com motivo em relevo como muitos que se encontram nesta zona da cidade.


Também aqui o motivo dos telhões já é nosso velho conhecido. Só ali perto conheço mais dois beirais com este motivo,  um no Largo de S. Domingos e outro na Ribeira, mas também há um na rua do Almada e já mais longe um outro na Rua de Cedofeita, um dos primeiros que fotografei.
Eu diria até que no Porto são  os dois motivos de hoje os que se encontram em maior abundância nos beirais de faiança. Mas espero encontrar mais, destes ou doutros...




16 comentários:

  1. Olá Maria Andrade!
    Mais uma deliciosa postagem com nelos telhões, belos azulejos e bela arquitetura!
    O interessante é que o segundo conjunto de prédios junto ao Mercado Ferreira Borges (me parece que o imóvel mais alto, à direita do fotografado, também possui telhões pintados, estarei exagerando?), com este desenho nos telhões e cantaria, o estilo da esquadria das janbelas, e ainda fachada de azulejos, na foto que mostra o prédio inteiro, parece saída das ruas comerciais do Centro do Rio de Janeiro!
    O mais curioso é que justamente hoje o amigo Raul Félix publicou fotos de mais 4 prédios no centro do Rio com telhões e azulejos, que eu ainda não conhecia e preciso ir lá fotografar em detalhes. Este foi definitivamente o final de semana dos telhões para mim!
    b'jinhos
    Fábio

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    1. Olá Fábio,
      É capaz de ter razão em relação ao prédio mais alto, agora que fala nisso também me parecem telhões. Acontece que vi este que fotografei quando estava a descer de carro e ao olhar para cima só este beiral ficou no meu campo de visão. Parámos logo o carro, em estacionamento precário, e fui à pressa fotografar estes telhões. O outro beiral não o vi, talvez por estar mais dois andares acima, ou nem sequer olhei para lá...
      Que bom que continuam a descobrir mais telhões no Rio! Para já não falar dos azulejos, numa enorme variedade de padrões!
      No Porto já conheço 10 ou 11 prédios com estes beirais, mas há quem tenha uma lista de 20, não sei se incluindo os de Gaia. Como vê, ainda posso ter mais algumas surpresas nesta área.
      Bjos.

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    2. Afinal, Fábio, já confirmei que o prédio mais alto da rua Ferreira Borges não tem telhões de faiança, são beirais com telhas normais.

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  2. Parece que coincidimos nos temas mais uma vez. Só que eu fiz uma peregrinação virtual ao Porto e a Maria Andrade andou mesmo pelas ruas da "Imbicta". Que saudades. E as Camélias ainda devem estar em flor.

    Morro de inveja dos Telhões. Adorei a Casa da família Calém, que já vimos, que mais ano menos ano, vai ser um tema para nosso amigo Gastão, do Ruinarte. É um estilo eclético, mas cheio de charme. Recorda algumas das moradias da Av. Gago Coutinho em Lisboa.

    Adorei o Pavilhão do Jardim tão romântico e claro é um prazer revisar os azulejos em relevo do Porto, ainda que virtualmente. Também adoro a caixilharia elaborada e requintada das casas do Porto. Em Lisboa a caixilharias das janelas, mesmo das casas mais antigas é pouco apelativa. Julgo que é uma tradição que vem do tempo do Marquês de Pombal, quando a cidade foi reconstruída à pressa e os elementos decorativos reduzidos à uma modesta funcionalidade

    Bjos

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    1. E eu saí ganhando pois tive 2 postagens que me fizeram sonhar e viajar um pouquinho de volta à Portugal, no mesmo dia! E no mesmo dia em que o Raul Félix publicou 4 "novos" prédios descobertos aqui no Rio com telhões, fora os azulejos genuinamente portugueses nos silhares da Santa Casa da Misericódia, como já havia comentado acima.
      Foi como o Natal quando somos crianças.
      abraços

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    2. É verdade, Luís, o Porto fornece sempre temas interessantes a quem se interessa por cerâmica, ou especificamente por faiança, mas não só...
      Quanto à casa da família Cálem, longe vá o agoiro, espero bem que não chegue a esse ponto de ruína como as que aparecem no Ruin'arte, até porque ainda está muito a tempo de ser recuperada! Pode ser que algum chinês ou russo a compre à Câmara. ;)
      A entrada lateral e o jardim têm dezenas de cameleiras enormes, devem ser já centenárias, e estavam agora todas em flor!(acabaram-se-me as pilhas na máquina, por isso ali não pude fazer mais fotos) :(
      Bjos.

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    3. Olhe, Fábio, já fui ver os silhares da Misericórdia publicados pelo seu amigo Raul Félix, mas não consegui chegar aos telhões. O Fábio vai publicá-los? Se não deixe aqui o link para nós os vermos.
      Bjos.

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    4. Olá Maria Andrade, tudo bom?

      As fotos dos "novos" 4 imóveis com telhões que o Raul Félix descobriu você poderá ver através deste link:
      www.panoramio.com/user/3970987/tags/Telh%C3%B5es%20de%20faian%C3%A7a

      São as últimas 5 fotos. Eu só vou publicar no meu blog depois que for lá fazer fotos minha, em detalhe (close-up), mas me parecem ser os desenhos que já estamos acostumados.
      Eu estou com várias fotos de outros prédios com telhões (e muitos mais ainda "apenas" com azulejos), mas ainda não tive tempo de publicá-las.
      b'jinhos!!

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    5. Obrigada mais uma vez, amigo Fábio. E são 16 beirais com telhões! Que riqueza!
      Os que consegui identificar, embora conhecidos, não são nada vulgares por aqui.
      Fico a aguardar os seus close-ups.
      Um abraço

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    6. Alguns destes eu já refotografei e publiquei no blog, ou mesmo foz a postagem com as fotos do Raul. No blog há (ainda) apenas 13 imóveis com beiral de telhões, mas já tenho uns 4 ou 5 aguardando para entrar, e mais os 4 que o Raul encontrou na última semana. Em tão pouco tempo, de zero passamos a mais de 20 imóveis no Rio ainda com telhões pintados. E minha felicidade vai crescendo junto!
      b'jinhos

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    7. Espero que continuem a somar muitos mais, para alegria de todos nós que admiramos estes belos materiais do passado!

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  3. E nós em Lisboa ... nada! Eu bem apanho torcicolos, olho e olho e ... nada de nada.
    Fugiram todos para o Norte, ou então nunca se dignaram viajar até ao sul.
    Mas que fazem estas fachadas fantásticas, lá isso fazem.
    A quinta que fotografou é lindíssima, mais uma peça de arquitetura candidata à próxima ruína (cruzes!), e o jardim fascinante.
    E essa espécie de gazebo, no parque, enfeitiça qualquer um. São os jardins recreados para uma clientela de gosto romântico, mas que hoje caíram completamente em desuso. Que pena!
    Manel

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    1. Pois é, Manel, os mais a sul que conhecemos estão em Coimbra.
      Surpreende-me é haver cidades para norte onde estes telhões não aparecem, mas é certamente resultado de demolições que houve nos últimos cem anos?!
      O jardim da Quinta da Lameira com aquelas grutas artificiais encimadas por um mirante, estava também muito bem fornecido de arvoredo a proporcionar recantos para os espíritos românticos :) e destacavam-se as portentosas cameleiras em flor.
      Um abraço

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  4. Boa Noite, Maria, é fora de tópico

    Para quem gosta de restaurar peças, senti-me obrigada a deixar aqui esta venda na OLX, se ainda lá estiver quando ler o comentário, seria bom que ficasse nas suas mãos... é uma pena e dá ideia que se ninguém os comprar, vão parar ao lixo...
    Uma terrina de Sacavém por tres euros é obra... já nem falo dos pratos.

    http://leiria-leiria.olx.pt/terrina-pratos-de-loica-antiga-iid-435752495

    Muito obrigada pelo serviço público que presta. É muito bom aprender!

    Um abraço.

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    1. Muito obrigada, Fada do bosque.
      A oferta é tentadora, estou convencida de que essas peças não vão estar muito tempo à venda...
      Um abraço

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